Cabo Verde celebra um marco histórico com a aprovação de duas candidaturas ao Registo Internacional da Memória do Mundo da UNESCO, destacando a importância do património documental nacional no contexto global.
A decisão foi tomada durante a 15ª Sessão Ordinária do Comité Consultivo Internacional do Programa Memória do Mundo, realizada de 26 e 28 de fevereiro, na sede da UNESCO em Paris, e ratificada pela Diretora-Geral da UNESCO.
Das candidaturas aprovadas, a individual, intitula-se, Documentos sobre a escravidão no Fundo Arquivístico da Secretaria Geral do Governo (Cabo Verde, 1842-1869), e a segunda, conjunta com Angola e Moçambique, é intitulada, Recenseamento dos escravos em Angola, Cabo Verde e Moçambique determinado por decreto português de 14 de dezembro de 1854.
A primeira, consiste em quatro caixas consubstanciadas em 21 processos e 702 folhas soltas de documentos; 1 livro manuscrito datado de 1858 referente às Cartas de Liberdade concedidas pelo Governo da Província de Cabo Verde; 1 livro manuscrito de Autos de Juramento e as Atas das Sessões da Comissão Mista Luso-britânica instalada na ilha da Boavista em 1842, que tinha como missão monitorar o movimento de navios na região e impedir o embarque clandestino de escravos.
Estes documentos, representam uma fonte essencial sobre a vida económica, política e social no período da escravidão, revelam dados sobre a identidade, idade e origem das pessoas escravizadas, mostram os esforços contra o tráfico de escravos, como o trabalho da Comissão Mista Luso-Britânica na ilha da Boavista e ajudam a compreender o papel de Cabo Verde na história da escravatura e na luta pela liberdade.
A coleção, que abrange livros manuscritos entre 1674 e 1954 e documentação avulsa de 1803 a 1927, constitui uma das mais valiosas e procuradas nos Arquivos Nacionais de Cabo Verde(ANCV). É uma fonte crucial para a investigação sobre a história da escravidão, e das suas diversas dimensões sociais, económicas e humanas.
Um marco histórico para Cabo Verde e para todos os que se dedicam à preservação da memória. Que este reconhecimento inspire mais investigações, reflexões e ações para que nunca esqueçamos o passado e possamos construir um futuro mais consciente e justo.