Presidente do Conselho Diretivo do Instituto do Arquivo Nacional (IANCV) participa na Conferência Internacional sobre Arquivos Históricos dos Estados Membros da CPLP
O Presidente do Conselho Diretivo do Instituto do Arquivo Nacional de Cabo Verde (IANCV), José Maria Borges Tavares, participou na Conferência Internacional sobre Arquivos Históricos dos Estados Membros da CPLP, que decorreu nos dias 18 e 19 de setembro do ano em curso, em Luanda, Angola, no quadro do Plano de Ação de Cooperação Cultural da CPLP (2024-2026), aprovado na XIII Reunião Ordinária dos Ministros da Cultura da CPLP em São Tomé e Príncipe, de 7 de maio de 2024.
A conferência, juntou especialistas, governantes, estudiosos e académicos de países como Angola, Cabo-Verde, Brasil, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Guiné-Equatorial e Timor-Leste.
Segundo a diretora-geral do Arquivo Nacional de Angola, Constância Ceita, a conferência internacional sobre os arquivos históricos dos Estados membros da CPLP, que decorreu sob o lema “Arquivos Históricos e Sustentabilidade: Políticas Públicas na CPLP”, tem por objetivo promover a partilha de ideias e práticas mais viáveis para dar resposta às necessidades de melhor proteção, preservação, divulgação e distribuição dos acervos documentais dos países da comunidade.
A abertura da conferência foi presidida pelo ministro angolano da Cultura, Filipe Zau, na presença do embaixador de São Tomé e Príncipe em Angola, Edmilson Cravid, em representação da ministra da Educação, Cultura e Ciências do seu país, do secretário de Estado da Arte e Cultura de Timor-Leste, Jorge Soares Cristóvão, e do diretor de Ação Cultural e Língua Portuguesa, João Ima-Panzo, em representação do secretário executivo da CPLP.
Foram debatidas diversas temáticas, à volta da gestão, organização e preservação dos arquivos.
Ana Flávia Magalhães Pinto, diretora-geral do Arquivo Nacional do Brasil, debruçou-se sobre o tema “Arquivos, Direitos Humanos e Reparação: caminhos para a cooperação internacional; enquanto que Iaguba Djaló, investigador e arquivista da Guiné-Bissau, falou sobre “Desafios de políticas de preservação do património histórico-documental na Guiné-Bissau” . Silvestre Lacerda, diretor-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, abordou a cooperação desenvolvida pelo seu organismo, no âmbito dos arquivos da CPLP.
Ainda, foram apresentadas intervenções como “Velhos arquivos, novos problemas na infindável luta contra o esquecimento”, “Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe: Intercâmbio e a Sustentabilidade documental”, “Os Projetos de Cooperação entre o IANCV e os Arquivos da CPLP”, “Uma Reflexão sobre o Novo Arquivo Nacional de Angola”, “Rede de Arquivos Históricos da CPLP”, entre outros.
O Presidente do Conselho Diretivo do IANCV apresentou uma comunicação intitulada " A Cooperação entre o IANCV e os Arquivos da CPLP", com enfoque para alguns projetos desenvolvidos em parceria com os Arquivos da CPLP, nos últimos 5 (cinco) anos, nomeadamente: Projeto Resgate - “Recuperação dos acervos de Cabo Verde em Portugal – Arquivo Histórico Ultramarino”; Processo de Candidatura dos Livros de Registo Escravos Submetido ao Registo Internacional Memória do Mundo, (MoW); Transição Digital na Gestão da Informação em Arquivos da Administração Pública de Cabo Verde; Atelier de Conservação, Restauro e Encadernação de Documentos em Suporte Papel; Questionário sobre a Situação Arquivística da República de Cabo Verde- Administração Central do Estado; Divulgação de Cursos e Eventos na Área de Arquivologia (Arquivo Nacional Do Brasil); Apresentação de uma Exposição e do Catálogo: “As Portas da Macaronésia”.
Segundo o jornal angolano “O Pais”, a Secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, no discurso de abertura em representação do ministro da Cultura, Filipe Zau, salientou que o governo angolano está atento à necessidade de se melhorar as políticas de gestão e conservação dos arquivos históricos e, por esta razão, associa-se aos restantes países da CPLP na troca de ideias e experiências inovadoras para melhor traçar e executar as políticas públicas inerentes aos arquivos histórico-culturais nacionais.
A governante sublinhou ainda, que a troca de experiência vai permitir a criação de uma plataforma de comunicação entre os arquivos dos países da CPLP, de modos que os Estados consigam beber um pouco das boas práticas de gestão dos arquivos uns dos outros e cada um traçar os caminhos mais viáveis, neste sentido, em função da sua realidade e contexto.
“Essa troca de experiência vai permitir olhar um pouquinho para aquilo que são as políticas de salvaguarda dos documentos arquivísticos e, a partir destes conhecimentos, cada país melhorar o seu trabalho, o seu modo de atuação neste campo, em função da sua realidade e as suas possibilidades”, referiu a governante.
Sublinhou ainda que, durante os dois dias, os especialistas teriam a oportunidade de fazer uma reflexão profunda e crítica sobre as políticas de gestão e tratamento dos arquivos históricos e, consequentemente, identificar caminhos mais seguros e viáveis que possam dar resposta às principais preocupações dos Estados membros inerentes ao assunto em discussão.
Adiantou ainda que, além de se discutir a questão da digitalização documental, não se deve esquecer o importante desafio que os países, sobretudo africanos, têm de erguer infraestruturas adequadas capazes de conservar dignamente estes arquivos para futuras gerações, têm a possibilidade de os também apreciar, analisar e estudar, se necessário for.
O diretor de Ação Cultural e Língua Portuguesa do Secretariado Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), João Ima-Panzo, realçou que a "memória coletiva é o alicerce que sustenta a identidade de uma nação. Sem ela, perdemos o fio condutor que nos liga ao passado e nos orienta para o futuro”.
Os diferentes especialistas dos países-membros da CPLP, que participaram da conferência que encerrou no dia 19, na capital angolana, entenderam que a aposta na digitalização documental dos arquivos históricos dos Estados daquela organização lusófona vai permitir maior preservação, divulgação e acessibilidade do acervo documental, que é um elemento indispensável na conservação da identidade histórica dos povos.
Tornar o acervo documental cada vez mais acessível, compreensível e próximo das comunidades, especialmente dos estudantes, historiadores e académicos, é apontada como uma das melhores maneiras de se preservar a identidade histórica destes países que têm em comum não apenas a língua oficial, mas um passado que reflete a comunhão entre as suas raízes históricas e culturais.
Também, os Representantes dos Arquivos Nacionais ou entidades congéneres da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) reunidos na Conferência de Luanda, assinaram a Declaração de Compromisso e Estatutos da Rede de Arquivos Nacionais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).